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Covas contradiz Pazuello e vê ações do governo afetarem CoronaVac
Diretor do Instituto Butantan apontou à CPI da Covid nesta quinta empecilhos à compra da vacina e envio de matéria-prima.
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- BRASIL | Do R7
- 27/05/2021 – 16H43 (ATUALIZADO EM 27/05/2021 – 17H38)
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- Qua, | atualiza 2 de jun, 2021 | 16h29 – Nazaré Paulista-SP
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O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, falou nesta quinta-feira (27), à CPI da Covid, no Senado. Por cerca de seis horas ele abordou diferentes questões sobre a pandemia, contradisse afirmações do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e disse que ações e falas do presidente Jair Bolsonaro afetaram as negociações para a compra da CoronaVac pelo governo e o envio de matéria-prima pela China.
Covas apontou a falta de uma coordenação nacional para medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras ou a prática do isolamento social, como um dos motivos para o avanço da pandemia.
O diretor também fez previsões. Entre elas está a possibilidade de um recrudescimento nas próximas semanas, a necessidade de reforços anuais na vacinação e a estimativa de entrega de 40 milhões de doses da ButanVac, a nova vacina desenvolvida pelo instituto, ainda em 2021.
CoronaVac
Covas avaliou que o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a iniciar a vacinação e que em julho o Instituto Butantan enviou ao Ministério da Saúde uma sugestão de contrato para a entrega de 60 milhões de doses até dezembro do ano passado. A oferta não teve resposta, segundo o diretor do Butantan.
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À época, a vacina ainda não tinha o uso aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o que só ocorreria em janeiro. No entanto, as intenções de compra já eram negociadas com o Butantan e outros laboratórios, como a Pfizer e a AstraZeneca – sendo esta última a primeira a única a ter contrato fechado com o governo brasileiro naquele momento.
As negociações para a compra da CoronaVac pelo governo federal para distribuição para todo o país foram retomadas posteriormente, e, em outubro, o instituto ofertou 100 milhões de doses a serem entregues até maio. Segundo Covas, o governo oficializou a intenção de compra no dia 19 de outubro e, no dia 20, tudo foi suspenso após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que não compraria vacina chinesa. Ainda naquela oportunidade, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse em vídeo publicado nas redes sociais: “um manda, outro obedece”.
“Infelizmente, essas conversações não prosseguiram, porque houve, sim, aí, uma manifestação do presidente da República, naquele momento, dizendo que a vacina não seria, de fato, incorporada, não haveria o progresso desse processo”, afirmou Dimas à CPI.
As afirmações contradizem a fala de Pazuello à CPI, de que não houve ingerência para a não contratação da vacina do Butantan. O contrato acabou fechado apenas em janeiro de 2021, com uma dose menor que a prevista inicialmente – 46 milhões.
Covas afirmou ainda que as ações do governo e falas contra a China, como a afirmação do presidente em alusão a suposta guerra biológica promovida pelo país, prejudicam o envio de matéria-prima para a produção de vacinas pelo Butantan.
“Temos cem vizinhos. Noventa e nove são cordiais, nos tratam bem, vão na nossa casa sempre com grande prazer, nos convidam para ir na casa deles. Um vizinho é o mal-comportado. Aquele que sempre tem uma observação a fazer. Na festa de fim de ano vamos chamar aquele vizinho ou os outros?”, afirmou.
A dificultade para obter o IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) tem sido motivo de paralisações na produção. Neste mês de maio, o instituto ficou sem produzir doses da Coronavac entre os dias 14 e esta quinta-feira (27), quando os trabalhos foram retomados após chegada de nova remessa.
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