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TURISMO SEM PÚBLICO-ALVO
Todo aquele que contribui com uma pedra para a edificação das ideias, colherá…
OPINIÃO & CRÓNICAS 30/09/2021 08:01 – JM
| Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
- Quinta-feira, |atualiza 30 de Setembro, 2021|15h15
- – Nazaré Paulista – SP – Portal de Notícias – Por Editor: Bp Sérgio
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No passado dia 27, celebrou-se o Dia Mundial do Turismo. Esta data é celebrada desde 1980, por decisão da Organização Mundial de Turismo. O Instituto Superior de Administração e Línguas, atento e com intuito de celebrar a referida data, organizou um seminário sobre Turismo Inclusivo. Tive a honra de participar no painel de oradores, ao lado de ilustres personalidades da Região Autónoma da Madeira e fiquei muito sensibilizada com as informações, conhecimento e experiência partilhada, assim como, com as conclusões do debate. Por ter sido um evento tão impactante e profícuo, parece-me importante partilhar um pouco dos pontos abordados. Aliás, nunca é demais chamarmos à colação estes temas, principalmente, quando o que se pretende é um Mundo mais justo e inclusivo.
De uma forma muito simplista, o turismo inclusivo pretende facilitar o acesso de pessoas com qualquer tipo de deficiência ou necessidades especiais a diversos locais turísticos como praias, jardins, museus, aeroportos, hotéis, restaurantes, entre outros, de forma segura e com todo o conforto necessário. Falamos de pessoas com deficiências motoras, visuais, auditivas ou intelectuais; pessoas mais velhas que, com o processo de envelhecimento, vão assistindo a uma diminuição das suas capacidades físicas, sensoriais e intelectuais; pessoas com caraterísticas físicas excecionais em termos de estatura ou de peso; pessoas com alergias e intolerâncias alimentares e respiratórias; pessoas com sequelas de diversas patologias; ou, de pessoas com redução pontual na sua mobilidade, como as grávidas no final da gestação ou as famílias que viajam com crianças de colo ou com carrinhos de bebé.
Segundo os dados da Organização Mundial de Saúde, existem cerca de mil milhões de pessoas com deficiência no mundo. Na Europa, existem mais de 120 milhões de pessoas com necessidades de acesso, conforme os dados do Estudo da Comissão Europeia – Economic Impact and Travel Patterns of Accessible Tourism in Europe.
O conceito de pessoa com deficiência tem evoluído ao longo dos tempos. Estas pessoas deixaram de ser vistas como fardos ou pacientes dependentes de outros. A sociedade compreendeu que estas pessoas são autónomas e que, na maior parte dos casos, o que necessitam é que sejam eliminadas todas as barreiras físicas que as impossibilite de, livremente, exercerem o seu direito de ir e vir.
No Seminário, foram referenciadas algumas das dificuldades que as pessoas com cadeira de rodas sentem quando circulam pela cidade ou quando simplesmente tentam almoçar num restaurante. Infelizmente, as pessoas com deficiências ou com necessidades especiais ainda se deparam, diariamente, com diversas barreiras que impossibilitam ou limitam a sua experiência como turistas. Por vezes, as informações disponíveis não estão corretas ou não são suficientes, o que provoca alguma frustração porque uma simples visita a um museu ou uma ida à praia torna-se difícil, provocando, inclusive, danos na autoestima das pessoas.
Somos mais de sete mil milhões de pessoas no Mundo. Somos todos diferentes uns dos outros e é aqui que reside a nossa maior riqueza. É nosso dever respeitar a diversidade humana. Todos nascemos com plena dignidade e direitos, não existe nenhum ser humano que tenha mais valor que outro. Neste ponto, somos todos iguais! É essencial criarmos formas para que todas as pessoas se sintam integradas e tenham acesso a tudo aquilo que queiram usufruir e experienciar. Devemos estar atentos a todas as situações de discriminação, por vezes, baseadas na ignorância ou na falta de informação, para corrigirmos a nossa rota e aproximarmo-nos, cada vez mais, de um Mundo justo.
A possibilidade de podermos viajar e aproveitar o nosso tempo livre com qualidade, conforto, segurança, liberdade e autonomia não é um favor ao turista, mas sim um direito de cada pessoa e uma obrigação do setor. É importante estarmos atentos às regras, para que haja uma aplicação efetiva e uma fiscalização constante das mesmas. É necessário mais debates, formação, informação e mais estudos. Só desta forma, conseguiremos garantir que os direitos destas pessoas não são violados e que todos têm igualdade de acesso.
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