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- –PORTAL BR4875 | Sérgio Oliveira –SP/BR
- (ATUALIZA – Qui, 17 Fev, 2023 – 15h09)
-Segundo Daniel Conegero
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A doutrina da união hipostática ainda responde outras teorias heréticas que surgiram ao longo dos tempos, mesmo depois de muitos séculos.
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A expressão “união hipostática” é usada na teologia para designar a doutrina cristológica acerca da união das naturezas divina e humana na única pessoa de Cristo. A doutrina da união hipostática afirma que Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, plenamente Deus e plenamente homem.
Sem dúvida a doutrina da união hipostática representa um desafio muito grande à compreensão humana, pois aborda um assunto que está no centro do mistério da Encarnação de Deus. De fato o ser humano não possui capacidade intelectual para entender como Deus, o Filho, assumiu a humanidade sem que, nem por um instante, tenha perdido sua divindade.
O que diz a doutrina da união hipostática?
A definição histórica da doutrina da união hipostática foi fornecida na resolução do Concílio de Calcedônia, em 451 d.C. Nesse Concílio, a Igreja reconheceu as duas naturezas distintas, humana e divina, que se unem na única pessoa de Cristo.
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A doutrina da união hipostática testemunhada pelo Concílio de Calcedônia serviu para responder a certos conceitos equivocados que tinham surgido a respeito da pessoa do Senhor Jesus Cristo em relação à sua divindade e humanidade. As duas principais teorias nesse sentido eram o Nestorianismo e o Eutiquianismo.
O Nestorianismo afirmava que Jesus era duas pessoas distintas. Já o Eutiquianismo dizia que Jesus possuía uma natureza mista que foi formada de um suposto processo de absorção de sua natureza humana por sua natureza divina. Isso significa que enquanto o Nestorianismo dividia a pessoa de Cristo, o Eutiquianismo confundia suas naturezas.
Por isso o Concílio de Calcedônia se preocupou em enfatizar como os cristãos devem enxergar a doutrina bíblica a respeito da pessoa de Cristo e suas naturezas. Nesse sentido, basicamente o Concílio afirmou que as duas naturezas, humana e divina, são inconfundíveis e imutáveis, indivisíveis e inseparáveis na pessoa de Cristo, implicando no fato de que verdadeiramente Ele é o “Deus-Homem”.
A doutrina da união hipostática ainda responde outras teorias heréticas que surgiram ao longo dos tempos, mesmo depois de muitos séculos. Um exemplo disso é a teoria da kenosis que ganhou espaço principalmente a partir do século 19. Essa teoria diz que o Filho de Deus abriu mão de alguns de seus atributos divinos quando assumiu a natureza humana, e depois voltou a assumi-los após sua ressurreição e ascensão ao Céu.
Sob esse aspecto, fica claro que a teoria da kenosis implica no fato de Deus, o Filho, ter se tornado menos divino enquanto viveu na terra. Então enquanto a teoria da kenosis afirma uma suposta sucessão cronológica do divino com o humano, a doutrina da união hipostática responde afirmando a união simultânea do divino com o humano na pessoa de Cristo.
Implicações da doutrina da união hipostática
Em primeiro lugar, é muito significativo a doutrina da união hipostática afirmar que as duas naturezas de Cristo são inconfundíveis e imutáveis. Isso significa que jamais houve qualquer mistura ou confusão entre essas duas naturezas, de modo que os atributos de cada uma delas foram preservados. Somente assim podemos dizer que Cristo é plenamente Deus e plenamente homem. Se as duas naturezas se confundissem, então fatalmente ele seria menos divino ou menos humano.
Além disso, esse princípio implica no fato de que é impensável argumentar que o Filho de Deus trocou alguns de seus atributos divinos para assumir os atributos de sua natureza humana. Suas naturezas são imutáveis! Se Cristo tivesse se tornado menos Deus para ser homem, então o universo teria deixado de existir, já que Ele próprio é o sustentador de toda criação (Colossenses 1:15-17).
Em segundo lugar, ao mesmo tempo em que doutrina da união hipostática afirma a distinção entre as duas naturezas de Cristo, ela também afirma sua união sem qualquer separação ou divisão. O fato de as duas naturezas de Cristo serem inseparáveis implica que o Verbo de Deus assumiu a humanidade para sempre. Ele não apenas “foi 100% homem”, mas Ele ainda “é 100% homem”, e assim permanecerá para todo sempre. Inclusive, o escritor de Hebreus usa essa verdade maravilhosa para afirmar que temos um de nós como nosso representante no Santuário celestial (Hebreus 4:15; cf. 1 Timóteo 2:5).
Em terceiro lugar, a doutrina da união hipostática identifica corretamente a informação bíblica de que a Segunda Pessoa da Trindade assumiu a natureza humana, e não uma pessoa humana. Cristo não possui duas pessoas, mas duas naturezas numa só pessoa. Isso significa que tudo o que Cristo fez ou faz são atos de sua única pessoa divino-humana. Cristo não alterna entre sua humanidade e sua divindade.
Então não é a natureza humana de Cristo que faz determinada coisa, enquanto sua natureza divina faz outra coisa. Na verdade é a pessoa de Cristo que faz determinada coisa de acordo com sua natureza humana ou divina (cf. Romanos 1:3).
Nossa limitação diante da doutrina da união hipostática
Obviamente jamais poderemos compreender exaustivamente tudo o que envolve o mistério da Encarnação do Verbo de Deus. A doutrina da união hipostática é apenas uma forma de expressar os pontos fundamentais dessa verdade bíblica.
Portanto, em resumo o importante é entendermos que essa doutrina afirma que todas as qualidades humanas, bem como todas as qualidades divinas, estão e sempre estarão de forma verdadeira, completa, distintiva e inseparável na única pessoa de Cristo. De forma prática, isso quer dizer que Cristo não é menos divino e mais humano, ou menos humano e mais divino. Ele é plenamente Deus e plenamente homem, o tempo todo.
Por isso o apóstolo Paulo escreve que Ele é a “imagem do Deus invisível”, e que “nele habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 1:15; 2:9). Sim, Aquele de quem Tomé pôde ver suas mãos furadas e a marca de seu corpo transpassado, é o mesmo que também é digno de verdadeiramente ser reconhecido como: “Senhor meu, e Deus meu!” (João 20:28). A doutrina da união hipostática aponta para essa realidade.
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