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JM-PIMENTA NA LÍNGUA
Hoje falo sobre julgamento, pois é um tema recorrente nas consultas (e não só)! Tanto adultos ou crianças, se têm excesso de peso, são julgados. Se são magros de mais, criticados pois estão doentes. Se são altos ou baixos, também abordados acerca do tempo em baixo ou em cima!
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Africa do Sul – Nutricionista Opinião | 30/08/2021 08:00 – Crônicas & Cônicas |
Terça-feira, | atualiza 31 de ago, 2021 | 19h54 – Nazaré Paulista – SP – Portal de Notícias – Por Editor: Bp Sérgio Oliveira |
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Hoje quero falar de julgamento! Julgar, uma palavra que é sinónimo de sentenciar, formar juízo acerca de, “imaginar” e crer ou supor.
E quem nunca? Quem nunca julgou? Se existir tal pessoa levante a mão, pois todos nós em algum momento da nossa vida o fizemos ou mesmo, ainda hoje, o fazemos!
Julgamos familiares e amigos, julgamos colegas de trabalho, julgamos políticos, julgamos quem passa na rua, quem vemos na praia, quem está a comer num restaurante, quem escreve um comentário nas redes sociais e até julgamos pedidos de ajuda.
A verdade é que todos nós julgamos! E por vezes, não há mal nisso, desde que seja um julgamento honesto, com conhecimento de causa, livre de malícia, envolto em empatia de forma construtiva e que remeta para uma melhoria! Aliás é assim, que evoluímos como humanidade.
Mas julgar por julgar, apenas para rir, para falar da vida dos outros, para fazer chacota e sem ter a sabedoria em relação a um assunto ou a um facto é que, na minha opinião, deixa muito a desejar!
E nestes casos, pergunto… será que o ser humano não poderá, simplesmente, olhar para o seu umbigo e começar a se julgar, primeiro, a si próprio, pois somos todos espelhos uns dos outros!
Hoje falo sobre julgamento, pois é um tema recorrente nas consultas (e não só)! Tanto adultos ou crianças, se têm excesso de peso, são julgados. Se são magros de mais, criticados pois estão doentes. Se são altos ou baixos, também abordados acerca do tempo em baixo ou em cima!
E esta questão, no caso, principalmente, das crianças e adolescentes, pode deixar mazelas profundas, ainda mais quando acontece dentro do seio familiar e também escolar: “Olha o gordo!! Queres mais um bolinho”, diz o tio; “Credo, tão magrinha esta pequena, vai desaparecer! Assim não arranjas marido!”, diz a avó; “Olha, não cresceste este Verão? Vai ser preciso puxar pelas orelhas”, afirma a professora.
Acho que tem que haver um basta! Apoiar não é desmoralizar, mas sim dar a mão, valorizar, incutir a autoestima e depois sim, a mudança!
Não nos podemos esquecer que cada um tem o corpo físico, com todas as características genéticas que herdou, com problemas de saúde ou descontrolo hormonal que possa ter adquirido, e por isso, a tendência de ser magro ou gordo ou assim ou assado não é, simplesmente, só porque sim, porque houve só descuido!
E ainda mais importante, atrás de um corpo físico, está todo um ser humano, que tem uma história de vida, vivências que não conhecemos, experiências que marcaram o que são hoje!
Muitos, no que respeita à saúde e ao peso, lutam diariamente, não só com o cuidado alimentar, mas também, desafiando-se emocionalmente e destruindo barreiras. E já pensaram que um julgamento maldoso pode ser o suficiente para “estragar” todo o processo? Por favor, incentivem, ajudem e não desmoralizem!
Ainda pior é quando se fazem comparações, entre irmãos, entre primos, entre pessoas! Por favor, parem, pensem, reflitam!
E falo ainda da minha profissão, cheia de julgamento, principalmente quando os nutricionistas não são o standard de beleza que se promove! Não somos modelos de passerelle, somos profissionais de saúde, somos seres humanos com a nossa história, com as nossas barrigas, que também podemos beber uma cerveja e comer um hambúrguer, que choramos e rimos!
Por isso, uma vez mais, parem, pensem, reflitam, antes de julgar!
Ainda sou do tempo em que quando se dizia uma asneira, era de se esfregar uma pimenta na língua! Vai uma pimenta?